Crise dos Municípios pode se agravar com a criação de um novo piso
profissional
A totalidade dos Municípios brasileiros que não sabe como cumprir a lei com os
novos valores do Piso dos Professores tem mais uma desafio pela frente: o de
pagar o piso profissional dos enfermeiros, técnicos de enfermagem e auxiliar de
enfermagem e parteiras. Os projetos tramitam em regime terminativo, já foram
aprovados pela Comissão de Seguridade Social e Família (CSSF) da Câmara e
aguardam a votação final de constitucionalidade e admissibilidade pela Comissão
de Constituição de Constituição e Justiça e de Cidadania (CCJC). Se aprovados
seguem para apreciação do Senado.
Os Projetos de Lei (PL) 4924/09 e 5979/09
criam pisos salariais para os profissionais de enfermagem e de
fisioterapia/terapia ocupacional com uma previsão de impacto financeiro superior
a R$ 24 bilhões ao ano para a manutenção somente desses profissionais. Os
projetos estabelecem piso de R$ 4.650, para enfermeiros; R$ 3.255,00, para
técnico de enfermagem e R$ 2.325,00 para auxiliar de enfermagem e parteira.
Também promovem a redução da carga horária semanal de 40 para 30
horas.
Atualmente, são quase 574 mil profissionais
de enfermagem que atuam no Sistema Único de Saúde (SUS), com 36% deles
vinculados à esfera municipal. O PL que trata das categorias de fisioterapia e
terapia ocupacional estabelece o mesmo valor do piso (R$ 4.650,00) para as duas
categorias. Ambas já contam com lei federal que ampara a carga horária reduzida
em 30 horas semanais. O SUS possui o registro de 54,5 mil profissionais atuando
nessas áreas e o novo piso causaria impacto de R$ 2,2 bilhões ao ano. A média
salarial praticada hoje no país é de pouco mais de R$
1.800,00.
Impacto
Os Municípios são responsáveis
pela contratação de 59% do total de profissionais cadastrados no Datasus. Estudo
da CNM estima que o impacto financeiro anual pela implantação do novo piso para
os Municípios será de R$ 7,5 bilhões. Para o SUS, o custo será superior a R$
12,7 bilhões e, na rede privada, Santas Casas de Misericórdia e Hospitais
Filantrópicos, mais de R$ 8 bilhões.
O presidente da CNM, Paulo Ziulkoski
destaca que a principal estratégia de organização da atenção básica de saúde, o
Programa de Saúde da Família (PSF) será diretamente afetado. “O programa
estabelece carga horária obrigatória de 40 horas semanais para todos os membros
da equipe e possui um ínfimo incentivo federal que varia de R$ 6 mil a R$ 10 mil
reais por equipe”, relata.
Ziulkoski lembra que em 2011, o
descumprimento da carga horária pelos profissionais dessas equipes foi motivo de
penalização de mais de mais de 2.500 Municípios, quando o Ministério da Saúde,
mesmo conhecendo a dificuldade nacional para a contratação de médicos, suspendeu
o incentivo do PSF. “São mais de 32 mil enfermeiros atuando no Saúde da Família
e vinculados em mais de 5.300 Municípios. Se a proposta do piso for aprovada, o
Ministério da Saúde terá que rever as regras do programa”,
adianta.
O presidente da CNM pede aos parlamentares
que avaliem todos os impactos das leis que vem sendo aprovadas sem qualquer
indicativo de fonte para garantir sua implantação. “É preciso que levem em conta
também o princípio da autonomia constitucional conferida aos Municípios
brasileiros em estabelecer seus quadros de pessoal e de remuneração”,
defende.
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